Num passado não tão longínquo, eu costumava afirmar que entrar no carro e viajar sem destino era uma das coisas que mais adorava fazer. Sobretudo no silêncio da noite, na companhia de mim próprio e por impulso da alma. Nessa altura não entendia a razão dessa vontade súbita que surgia quando menos esperava. Estaria eu a fugir de algo? Ou seria uma ávida vontade de Ser, de descobrir, de me perder, de me encontrar? Talvez tudo isso e muito mais. Verdade seja dita. Nenhuma dessas viagens foi para além das fronteiras do distrito de Lisboa.
Que aventureiro!
Dizia eu, para mim próprio, há um ano, e num sarcástico tom enquanto questionava a profundidade dessa minha vontade.
Se te julgas um espírito livre e gabas essa tua vontade de viajar sozinho e sem destino, por que nunca foste além dos limites da bolha da Estremadura? Qual é o medo que te acobarda? Deixa-me adivinhar!
Solidão…
Se algum dia tocares o limite dessa bolha, ousares furá-la e permaneceres fora dela por mais do que uma noite, quando voltares, quero que me contes.
Quero que me contes como foi conviver contigo, com o silêncio, com o vazio, com os teus pensamentos, com os teus fantasmas e com os teus medos. Se, quando voltares, desejares novamente partir, então poderás dizer que é das coisas que mais adoras fazer.
Na manhã do dia 24 de setembro de 2019, ainda o sol não tinha nascido, eu iniciava uma das aventuras mais desafiantes da minha vida. Entrei no meu carro com o depósito cheio, levando na bagageira dois sacos-cama, um cobertor, uma mochila que guardava pouco mais de duas mudas de roupa, uma escova para o cabelo, uma pasta dentífrica, um sabonete.
No dia anterior, tinha decidido romper com aquilo que se estava a revelar o início de uma relação tóxica e compulsiva com uma substância que a maioria de nós conhece como haxixe, algo que pode tornar-se o caminho mais fácil para a meditação e ser a eterna companhia de almas solitárias. Falarei sobre esta minha relação noutra ocasião.
Parti em direcção a Trindade.
Trindade é uma antiga aldeia remota que pertenceu ao distrito de Beja e cuja população se reduziu a um terço daquilo que outrora foi. Escolhi este como o primeiro destino desta aventura, motivado por uma memória que já há três anos me assaltava os pensamentos - desde que sonho viver numa pequena comunidade num lugar que tivesse escapado do envenenamento constante da terra e do homem, onde eu pudesse respirar profundamente, escutar o silêncio e observar o vazio.
Fabricamos ruído para preencher o silêncio e informação para preencher o vazio. Temos perdido Sabedoria ao privilegiar o Conhecimento. Não estou a sugerir que permaneçamos ignorantes, mas este desequilíbrio espelha o estado em que se encontra a humanidade. Ao privilegiar o Saber, adormecemos o Sentir.
Faço esta reflexão porque tenho observado que esse Conhecimento não nos tem tornado mais esclarecidos, mas sim mais confusos. A Sabedoria de um pensador está em não alimentar ilusões sobre o próprio saber. Tal como Sócrates, “Só sei que nada sei, e o facto de saber isso, coloca-me em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.”
Voltando à viagem:
Conheci esta aldeia nos meus tempos de infância, quando o meu pai decidia levar-nos em família para gozar o período de férias de Verão fora da cidade onde permanecíamos durante todo o ano. O habitual era passarmos duas semanas no Algarve, lugar onde os meus pais viveram uma parte da sua história, da qual eu sou fruto. Mas, certo dia, o meu pai tomou a iniciativa de desviar o caminho com o intuito de visitar um velho amigo dos seus tempos de serviço militar obrigatório. Não me lembro que idade tinha eu nessa altura mas recordo-me de termos lá voltado quando tinha dez anos e não foi só de passagem. Tivemos uma estadia de uma semana na casa de família deste seu amigo, que nos recebeu com grande hospitalidade, cedendo-nos o quarto da sua filha mais nova que curiosamente tinha a mesma idade que a minha irmã, tal como o seu irmão mais velho tinha aproximadamente a mesma idade que eu.
Era uma casa rústica. A porta principal dava para uma pequena rua onde ficava o café do qual o amigo do meu pai era proprietário. A porta traseira dava para uma série de quintais onde os habitantes da aldeia produziam os seus legumes e albergavam os “seus” animais, que lhes fornecem alimento. Por detrás dos quintais existia um enorme descampado onde podíamos contemplar o horizonte, parecendo que estávamos sozinhos no mundo e que tudo o que havia para estimar e valorizar estava ali, dentro daquela aldeia.
Recordo-me de passar as tardes alternando entre o café, agora fechado, ponto de encontro das pessoas que ali viviam, e os passeios pela aldeia explorando cada cantinho que ali havia por descobrir. Recordo-me de brincar nas escadas da igreja com as crianças que ali conviviam livremente e longe de qualquer tipo de tecnologia que estimulasse o seu isolamento. Tudo o que havia à nossa mercê eram bicicletas, bolas de futebol, as pipas que comprávamos no café para petiscar, os nossos corpos e a nossa fértil imaginação. Recordo-me dos finais de tarde quando o meu pai regressava com o seu amigo dos serões de pesca e de caça habituais daquelas gentes, estava eu sentado no sofá a ver os filmes preferidos do filho do seu amigo, ou a brincar no quarto com sua coleção de bonecos, até chegar a hora de nos reunirmos à mesa para desfrutar de uma bela refeição de comida orgânica em família.
Vinte anos depois, e após 230 quilómetros de viagem pela estrada nacional, encontro-me novamente em Trindade.
Estranhamente, ao chegar à aldeia, senti-a familiar. No início da rua onde se situa a dita casa, perguntei pelo amigo do meu pai a duas senhoras idosas, que se encontravam perto de uma das duas paragens de autocarro que lá existem. De forma contida, responderam-me que não o conheciam. Avanço mais um pouco e ao estacionar perto da casa que então reconheci, junto dos humildes quintais agora reduzidos a um terço, vejo um senhor com um ar muito simpático e dirijo-lhe a mesma pergunta que havia feito às senhoras desconfiadas. Depois de uma curta troca de perguntas e respostas, o mesmo acabou por me confirmar que a família que eu procurava vivia, ainda, na mesma casa. Acompanhou-me amistosamente até à porta e chamou em voz alta pelo nome que eu esperava.
Foi neste momento que surgiram na minha cabeça as primeiras questões acerca desta aventura. Durante os segundos em que aguardava por alguém que me abrisse a porta, perguntava-me o que estaria ali a fazer sozinho, se me iriam reconhecer, qual o propósito e o sentido daquela visita e sobretudo o que iria eu dizer após tantos anos, receando gerar ali um momento constrangedor.
Creio que estas são dúvidas comuns nos dias de hoje, entre os meus semelhantes. Durante a nossa formação enquanto seres humanos no mundo moderno, temos cada vez mais ferramentas e condições para nos colocarmos numa posição de conforto perante vários aspectos da vida, e não existe nada de errado nisso. O problema surge quando essas dúvidas nos mantêm nessa posição de conforto, impedindo-nos de nos relacionarmos uns com os outros. Existe uma enorme pressão para correspondermos a determinado perfil na sociedade que construímos e isso alimenta dentro de nós o medo de sermos quem somos, o medo de não corresponder às expectativas dos outros, medo do que poderão pensar de nós, medo de sermos julgados e de não sermos aceites.
Eu considero que viver no medo é limitar a nossa existência, a nossa estrada de autoconhecimento e a nossa evolução enquanto consciência individual e universal. Criamos, ao longo da nossa vida, a nossa rede de suporte, a nossa tribo, composta por elementos da nossa família e/ou uns quantos amigos. Só aí nos sentimos realmente seguros para sermos quem somos sem o perigo iminente de sermos rejeitados, enganados ou magoados. Qualquer pessoa que se apresente no nosso caminho e não faça parte da nossa tribo está sujeita a uma série de etapas até conquistar a nossa confiança. Isso faz com que, inconscientemente, qualquer desconhecido seja uma ameaça para a nossa confortável posição. Embora seja um mecanismo de sobrevivência, condiciona a nossa experiência humana, na medida em que nos torna cada vez mais fechados e individualistas.
Preciosas são as redes sociais, que nos permitem unir estes dois mundos. Através delas, tanto podemos pintar uma versão idílica de nós mesmos e sermos aceites, como podemos permitir-nos ser quem realmente somos - com todas as nossas limitações e qualidades, pois os efeitos negativos que possam surgir dessa transparência são atenuados pela distância física e contornados com um simples clique. Podemos desfazer uma amizade com a mesma facilidade e rapidez com que a criámos.
Abriu-se a porta traseira da casa e por trás dela estava a companheira do amigo do meu pai, que me encarou com alguma estranheza. Revelo a minha identidade, à qual ela responde chamando pelo seu companheiro. Quando ambos se apresentam à minha frente, assim que ela lhe comunica as pistas que lhe dei, numa mistura de espanto e alegria percebem que quem os visita é o filho mais velho do seu antigo amigo da tropa.
Confesso que não reconhecia aqueles rostos que já apresentavam alguns sinais do tempo, mas rapidamente me fizeram sentir bem-vindo. Para além da visita improvável e inesperada, ficaram ambos muito surpresos por me verem ali sozinho, uma vez que me recordavam como uma criança com necessidades especiais devido à minha condição física. Uma vez feito o reconhecimento, decidi surpreender o meu pai, ligando-lhe a comunicar onde e com quem estava. Passei o telefone ao seu velho amigo e reergui a ponte entre ambos, anteriormente desfeita pela alteração de números de telefone.
No final da chamada fui convidado a entrar na sua humilde casa e sugeriram-me que ali ficasse para jantar. Nada me daria mais prazer naquele momento do que a honra de aceitar tal convite. Comuniquei que era vegetariano e tivemos um ponto de partida para uma conversa que se estendeu durante horas enquanto me preparavam amavelmente uma alternativa para mais tarde os acompanhar numa refeição, na mesma mesa que há vinte anos partilharam com a minha família.
Recordámos a nossa estadia por lá quando eu ainda era inocente e partilhámos o que havíamos feito durante estes longos anos. Falámos sobre a evolução dos tempos e das transformações que se sucederam na aldeia e, na companhia de uma garrafa de vinho tinto alentejano, o amigo do meu pai, mergulhado em nostalgia, contou-me histórias que viveu com ele nos tempos de serviço militar enquanto me revelava o seu álbum de fotografias que figuravam aqueles momentos. Ali fiquei, a conhecer um pouco mais sobre o meu pai e a razão daquela ligação existir. Foi naqueles olhos, naquele álbum e em toda aquela recepção que eu relembrei o verdadeiro significado da palavra amizade e da força que ela tem dentro de cada um de nós.
Ao aproximar-se a hora de jantar chega então o seu filho mais velho, que teve a mesma reação que os seus pais ao ver-me ali sentado à mesa. Reconheci-o de imediato, o seu rosto não sofrera grandes alterações, apenas o seu corpo apresentava sinais de maturidade. Vivia com os pais, ao contrário da sua irmã que decidira viver no centro de Beja, onde se formou e agora trabalha como fisioterapeuta, algo que me deixou curioso. Mas o que me deixou profundamente intrigado foi a escolha do seu irmão, que me confidenciou não ter pretensões de sair da aldeia. A sua humilde ambição é construir família com a sua namorada e comprar uma casa perto dos seus pais, no lugar onde cresceu e sempre viveu. Espero sempre que um jovem que resida num lugar como Trindade deseje um dia viver numa grande cidade como Lisboa, onde tudo acontece e onde as oportunidades são maiores, sobretudo a nível profissional.
Eu não tinha a noite planeada. Apenas pensava dormir no meu carro durante toda esta aventura. No entanto, após o jantar, e por cortesia do casal amigo, pernoitei naquela casa, no mesmo quarto que outrora me cederam, uma vez que a sua filha já lá não vivia. Na cama e de cabeça repousada na almofada, entro num momento introspectivo, assimilando tudo o que acabava de viver naquele dia e reconhecendo o quão importante se revelou toda aquela experiência.
Na manhã do dia seguinte e depois de uma óptima noite de sono, ao dirigir-me até à casa de banho para tomar um duche, deparei-me com a senhora da casa. Na cozinha, ela preparava um pequeno almoço para partilharmos, visto que só entraria para o serviço no final da manhã. Já na mesa, enquanto partilhávamos umas torradas de pão alentejano, conversámos mais um pouco, até que ela me questiona qual seria o meu próximo destino. Respondi-lhe que não sabia, apenas tinha uma vaga ideia. Na verdade, é esta a minha forma de levar a vida.
Nesse instante, sugeriu-me que visitasse Mértola, que não ficaria muito longe da cidade de Beja e que seria certamente do meu agrado. Depois de me dar uma breve descrição da sua passagem por lá e do que eu poderia encontrar, decidi abraçar aquela sugestão e prosseguir com a minha aventura.
Durante a minha despedida, disse-me que eu poderia ficar mais um pouco, pois ainda faltavam algumas horas para ela sair em direção ao seu local de trabalho. Mas eu tencionava aproveitar a manhã para re-visitar calmamente a aldeia, caminhando pelos meus próprios pés. Ainda não tinha tido oportunidade de fazê-lo desde que tinha lá chegado. Para além disso, ainda me aguardavam alguns quilómetros de viagem e eu pretendia explorar o local onde iria passar a noite antes que o sol se pusesse. Despedi-me educadamente com um abraço, tentando demonstrar através dele todo o meu apreço e toda a minha gratidão. Prometi lá voltar e segui caminhando na aldeia com a minha câmera, registando algumas imagens para depois partilhar com o meu pai, embora tenham sido os meus olhos a focar a maior parte do que eu observava.
A caminho do descampado atrás dos quintais, encontro um senhor vestido de uma forma um pouco intrigante, entre as suas ovelhas e frente a um dos pouco quintais que ainda restavam, afiando a sua cana-da-índia. Troquei algumas palavras com o senhor, João, que acedia com um ingénuo sorriso e uma contagiante calmaria - perfeitamente alinhada com o tempo e espaço em que nos encontrávamos. Explicou-me um pouco sobre as características do tipo de cana que trabalhava e eu, enquanto o escutava atentamente na minha ignorância, pedi-lhe autorização para fotografá-lo, na tentativa de conservar aquela imagem que me fascinava e se distanciava de tudo o que me era familiar na minha cidade.
Enquanto passeava pelo centro da aldeia, reparei que tudo se encontrava devidamente cuidado e as cores das paredes das casas sobressaíam fortemente devido ao reflexo da luz natural que ali incidia. Lembro-me que durante a caminhada e a cada esquina que virava, procurava pessoas a quem pudesse arrancar histórias e encontrar a vida que ainda existia para além dos cães que por ali passeavam livremente, sem trelas e sem vigília, das ovelhas do senhor João, dos galos que me despertaram e do verde que ali florescia. Cruzei-me com pouco mais de meia dúzia de pessoas e a maior parte eram trabalhadores de construção civil que não viviam ali e que remodelavam casas que permaneciam sem vida durante a maior parte do ano.
Os mais jovens partiram em busca de um estilo de vida que eles consideram melhor, em busca de novas oportunidades. Uns para as grandes cidades, outros para fora do país. Apenas regressam pontualmente nos seus períodos de férias, ora para fugir um pouco das vidas que escolheram e “recarregar baterias”, ora para visitar alguns membros da família - muitos dos quais já chegaram ao fim da sua jornada. Entre os idosos que gozam do último capítulo das suas vidas, muitos permanecem fechados nas suas casas, abrigados do sol e ocupando os seus dias descansando no sofá ou entretidos com a Caixa Mágica que os transporta para um outro mundo, outra realidade. Na TV, procuram abstrair-se do sentimento de solidão que carregam, fruto de um vazio interior resultante da desertificação das zonas rurais, da distância que os separa dos seus entes queridos e do sentimento de inutilidade, provocado pela chegada da reforma ou da perda gradual das suas capacidades físicas. É também na TV que julgam conhecer melhor o local para onde foram - e que vida escolheram - os seus descendentes. Na verdade, apenas vislumbram o mesmo véu de maya, o kitsch da vida ideal que, fazendo parecer medíocres as vidas que viviam, persuadiu os seus descendentes a partir em busca daquilo que todos os habitantes da Caixa já parecem ter, a Felicidade.
Não querendo sugerir que nos contentemos sempre e somente com o que temos, questiono-me: Porque será que queremos sempre mais? Nem sempre o mais significa melhor. Apesar de toda a evolução e conforto que alcançámos enquanto Humanidade (e pelos quais pagamos um preço muito elevado) parece que continuamos permanentemente insatisfeitos e inconstantes. Não estaremos nós a procurar a felicidade nas coisas erradas?
Ainda em Trindade, fotografei um cão que carregava uma herança genética de heterocromia, apresentando um belíssimo par de olhos de cor distintas, castanho e azul. Ostentava um belíssimo pêlo médio preto e branco e, apesar de se apresentar sem coleira, notava-se claramente que tinha alguém que cuidava dele. Esse alguém era um senhor de cabelo grisalho e aparentemente bem arrumado, cujo nome a minha memória apagou, que surgiu no meu caminho aquando da fotografia.
Este senhor abordou-me precisamente quando o seu cão se aproximou com um ar ternurento, aguardando alguma acção da minha parte. Ele tinha o focinho colado no chão, entre as patas dianteiras, as de trás completamente direitas, rabo empinado e cauda levantada. O seu tutor disse-me que ele queria que eu atirasse uma pedra, fazendo uma pequena demonstração. O cão correu alegremente por ter conseguido o que pretendia e curiosamente trouxe de volta a pedra colocando junto aos meus pés, ao invés dos pés de quem a atirou. Durante aproximadamente uma hora, enquanto eu atirava continuamente a pedra a uns metros de distância, iniciei uma conversa agradável com o senhor, justamente acerca das vidas passadas e actual da aldeia.
Ao som do sino da igreja, reparei que o relógio marcava o meio dia e preparei-me para me despedir de Trindade. Dou mais uma curta volta pela aldeia, desta vez de carro, e sigo em direcção à cidade de Beja para comprar alguns mantimentos e aproveitar para visitar a cidade romana, que ainda não conhecia.
Embora em Beja a minha experiência não tenha sido tão profunda, foi interessante conhecer a cidade na perspectiva de um turista, explorando sozinho e de mala às costas os recantos daquele lugar marcado pela história. Passei pelo convento de Nossa Senhora da Conceição, pela Praça da República e entrei no Castelo que alberga a maior torre de menagem do país, com cerca de quarenta metros de altura. Decidi não subir a torre, por uma questão de segurança, ficando-me pelo topo das muralhas - local que já me proporcionava uma incrível vista da cidade. Pelo que sei, não sendo um grande conhecedor da história de Portugal, é uma cidade cujos edifícios emblemáticos foram reduzidos a metade. Também percebi, através das figuras em stencil nas paredes das ruas, que foi um lugar fortemente afectado pelo regime fascista.
O que chamou a minha atenção nesta bonita cidade foi o facto de ter sido erguida no topo de uma colina, rodeada por um vasto campo que marca a fronteira entre a vida urbana e a vida rural. Uma cidade renovada e bem cuidada, com uma invejável serenidade e sem o enorme fluxo de pessoas a circular como acontece em Lisboa. Existe um belo equilíbrio entre a construção do homem e a natureza. Seria, sem dúvida, uma cidade onde não me importaria de, um dia, viver. Quem conhece bem a gastronomia portuguesa consegue perceber que não é fácil ser-se vegetariano no Alentejo. Entregue ao improviso, comi uma sopa numa taberna e rumei em direção a Mértola...
Revisão por: Inês Simões e Hugo Rebelo
Poderão também acompanhar visualmente esta viagem aqui.