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Epifania dos Vinte e Oito

“Aquele que mover o mundo, primeiro se moverá.”

“Aquele que mover o mundo, primeiro se moverá.”

Epifania dos Vinte e Oito

30
Jun21

Ser Livre Numa Casca de Noz

Recentemente, no âmbito de uma formação, fui desafiado a reflectir e a partilhar que aspectos da minha vida precisariam ainda de ser trabalhados hoje, para viver a vida que eu idealizo amanhã. Enquanto passeava pelas Salinas do Samouco, sentei-me debaixo de uma árvore e escrevi a seguinte reflexão:

 

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Aos vinte e oito anos de idade, impulsionado pelo medo de chegar ao fim da vida e descobrir que não vivi, tomei a primeira de muitas decisões que vieram revolucionar esta minha breve passagem pelo mundo. Se até ao dia dessa grande decisão todas as minhas escolhas tinham sido orientadas pela razão, daí adiante a minha vida passou a ser orientada pela intuição.

Quando silenciei a minha mente para escutar a minha voz interior, que havia sido calada pelas exigências do mundo moderno, deu-se a descoberta de uma força avassaladora. Tornou-me mais genuíno, e resgatou o sentido da minha vida que tinha sido tomada pelo automatismo e pela velocidade frenética em que vivemos. Hoje tomo decisões guiado pela intuição, e só depois procuro a razão para explicar o que ela decidiu — o lado racional garante a sobrevivência, mas não garante a vida.

Quanto ao futuro, não faço grandes planos, deixo apenas fluir. Quanto maior a capacidade de escutar e sentir a nossa voz interior, menor o medo da viagem.

Se tenho sonhos? Apenas quando durmo. Acordado tenho desejos, e a minha maior ambição é trazer consciência a esse processo de desejar. Quando a fonte do desejo ganha uma expressão inconsciente passamos a viver em modo compulsivo, na incessante missão de satisfazer tais desejos, perdendo aos poucos a capacidade de observar e absorver a beleza da simplicidade da vida. Fugimos de nós próprios nessa busca obsessiva pelo prazer, tornando-nos escravos do desejo e prisioneiros dum ciclo vicioso.

Ao contrário do que nos vendem, prazer não é felicidade — se assim fosse seríamos todos felizes.

Quero depender cada vez menos da dimensão física para estar em paz comigo e com o mundo, para viver feliz e apreciar os pequenos detalhes da vida sem me apegar. Para isso, trabalho internamente para que cada vez mais me sinta como Hamlet gostaria de se ter sentido:

“Eu podia ser livre numa casca de noz, não importa o lugar onde eu esteja, o importante é a minha consciência.”

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